ouvi nessas esquinas...

ouvi nessas esquinas...

P.

Uma noite ele agarrou-me pelos cabelos e pôs-me no meu lugar. Não sei bem porquê, nem ele por certo percebeu de onde veio tal impulso. Mas nunca de lá consegui sair, da força dos dedos grosseiros entre os meus cabelos.
A violência repentina ainda a sinto na pele e respondo sempre com o mesmo afagar da sua barba. Suave e macio.
Mas tudo se passa sem falar nada. Só breves instantes de doce efabulação como se também fossem verdades o que se passa do outro lado.
Para mim há verdade no que eu pressinto mas eu venho da noite onde tudo é possível, até ser posta no meu lugar sem estar à espera.
Sei que não devia, perdoa-me por isso, mas estou presa ao ritual da minha mão na tua face. E é um ritual, convenhamos ...

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